Espécie foi
vista após 17 anos sobre tocos em área devastada pelo fogo.
Fotógrafo
fazia trilha pelo Vale do Capão e se deparou com a cena rara.
Uma flor
típica da região do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia, que não
desabrochava há 17 anos voltou a florescer sobre tocos de árvores queimadas
numa área devastada por um incêndio na Serra da Larguinha, entre os municípios
de Palmeiras e Lençóis.
As imagens
do vale de flores da espécie Candombá que se formou no local foram feitas pelo
fotógrafo baiano Rui Rezende. Ele fazia uma trilha com um dos filhos através do
Vale do Capão para chegar até a Cachoeira da Fumaça, a segunda cachoeira mais
alta do Brasil, quando se deparou com a cena rara.
"Foi
uma grata surpresa. A gente estava indo em direção à Cachoeira da Fumaça por
baixo. Eu tava levando o meu filho mais uma vez por essa trilha junto com os
amigos pois estou precisando queimar gordura, quando me deparei com aquela cena na subida da trilha. Numa fotografia de
natureza, a gente se depara com cenas sempre impressionantes. E dessa vez não
foi diferente", destacou.
De acordo
com o botânico Abel Augusto Conceição, da Universidade Estadual de Feira de
Santana (Uefs), as flores da espécie Candombá dependem do fogo para florir.
Somente nos três últimos meses do ano passado, incêndios devastaram 51 mil
hectares na Chapada Diamantina, segundo a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia.
Do total, 15 mil hectares atingidos pelas chamas ficam dentro do Parque
Nacional, que é uma área de preservação ambiental que abrange seis municípios.
Os focos só se extinguiram por completo após chuvas, em janeiro.
"Essa florada exuberante e maravilhosa é
uma cena extremamente rara. Essa população de candombá floresceu há 17 anos e
somente agora deu flor novamente. Ela depende do fogo, e só floresce com o
fogo. Então, se não pegar fogo não tem flor. Ela só existe dentro do parque
nacional da Chapada. No caso do Candombá, ela floresce depois de 30 dias do fogo.
Além disso, a quantidade de néctar é fabulosa", destaca o especialista.
Ao logo da
carreira, Rui Rezende conta que já fotografou várias vezes a Chapada
Diamantina, inclusive durante as queimadas provocadas pela ação humana no ano
passado. "Elas [as árvores] queimam completamente. Fica o toco preto, e
qualquer pessoa que olhe vai ter certeza absoluta que aquela planta está morta.
É uma cena fantástica. É coisa da natureza. O homem vem com o fogo, e a
natureza vem com flores", comenta.
Fonte: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/03/flores-nascem-em-area-destruida-por-incendio-na-chapada-diamantina-ba.html
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